segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Mais do que culinarista, uma artesã do sabor

Reportagem publicada no Correio de Uberlandia no domingo dia 20/02/2011


A fundadora da empresa Doces Bárbaros junto à família: à direita, Tiago e à esquerda, o marido, José e o filho Helder
Ela veio de uma família de doceiras de Ituiutaba. E, no âmbito familiar, consolidou a sua empresa. Começou com um “puxadinho” na sua própria casa, sendo ajudada pelos filhos, ainda crianças, mas já com aptidão para pequenas tarefas de apoio e compreenderem que ali se localizava o futuro da família. Os filhos cresceram e a empresa também. A família adquiriu novos agregados – as noras – e os negócios também se expandiram. A empresa se formalizou em uma unidade própria, na casa inicialmente alugada e poucos meses depois comprada, abriu uma filial no Centro da cidade e está prestes a abrir lojas no novo shopping de Uberlândia e na vizinha Uberaba. Em linhas gerais, essa é a história de 23 anos da empresa Doces Bárbaros, nas entrelinhas temperada com dedicação, persistência e empreendedorismo.
Edna Francisca da Costa Oliveira desde sempre foi uma colecionadora de receitas. Adorava testá-las, modificá-las e compartilhá-las com familiares e amigos. Os amigos, movidos pelo prazer gastronômico da degustação, começaram a encomendar tortas para festividades. A quantidade foi aumentando e logo Edna percebeu que esse seria o seu ofício. Em 1987, alugou da sogra uma casa no bairro Saraiva e ali, sem mobiliário para a recepção, mas com todo o aparato necessário na cozinha, começou a sua empresa.
O comando da empresa, que conta com cerca de 40 funcionários, é sustentado na estrutura familiar. O marido, José Agapito, coordena a operação e as compras. O filho, Helder Oliveira, que também herdou o talento culinário da mãe, responde pela produção, expansão e planejamento da empresa. O outro filho, Thiago Oliveira, cuida das finanças e administra a filial. As noras, Marina e Angélica, são responsáveis, respectivamente, pelo marketing e recursos humanos. Apenas a filha Marília não compõe a empresa familiar. Ela é bióloga e reside em São Paulo.
No núcleo familiar, também acontece o processo que testa o que vai para o mercado. As invenções e adaptações culinárias de Edna passam pela aprovação de todos os integrantes da família. Se o produto não for aprovado por unanimidade, é retirado da vitrine. “Nunca saiu daqui um produto que a gente não achasse o máximo”, disse Edna.

Muitas histórias para contar

Hoje, Edna Francisca Oliveira já nem se lembra mais da quantidade de escorregões que levou, de quantos banhos de creme de leite tomou e das jornadas de trabalho de quase 20 horas ininterruptas para atender à demanda. Quando olha para trás, se diz orgulhosa de nunca ter decepcionado os clientes. Segundo ela, não há, em mais de duas décadas de trabalho, uma torta sequer que não tenha sido entregue ou chegasse com atraso.

Edna Francisco, a vida dedicada à arte gastronômica
Edna, José Agapito e os filhos, Helder e Thiago, colecionaram histórias engraçadas na trajetória da empresa. Uma delas foi quando fizeram um grande bolo, de 20 quilos, para a celebração do aniversário de um pastor em uma igreja da cidade. Naquela época, segundo Agapito, não havia o serviço de entrega. Os clientes foram buscar a torta, mas no transporte ela deslizou, quase desmontando. Quando chegaram à igreja, ligaram para a Doces Bárbaros. A equipe correu pra lá e, mais do que depressa, remontou o bolo de aniversário.
Segundo Helder, esse espírito de comprometimento com o cliente ajudou a consolidar a credibilidade da empresa, lembrando que a fidelidade de alguns clientes já está na terceira geração. Thiago acrescenta que outro fator importante é a utilização de produtos frescos e naturais, declinando de quase tudo que seja industrializado.
Edna lembra que a valorização do material humano também foi importante na história da empresa, mencionando colaboradoras que estão lá há mais de 15 anos e destacando uma que fez o curso de técnica em Nutrição e hoje é quem gerencia a produção na cozinha.
Edna Francisca foi uma das contempladas, no ano passado, na primeira edição do prêmio “Mulheres que fazem história”, concedido pelo Conselho da Mulher Empresária (CME) da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub).

Dicas de empreendedorismo

Edna: Valorize seus ajudantes
Helder: Tenha identidade, não fuja da característica que o fez crescer
Thiago: Tenha zelo pelo seu produto. Seja o primeiro a avaliá-lo
José: Seja amigo dos seus clientes
Thiago: Mantenha a qualidade que fez o cliente gostar do seu produto

Curiosidades

Empresa produz, em média, 35 tortas por dia
No período de 23 anos, foram feitas cerca de 20 mil tortas
Pela loja matriz, passam cerca de 300 pessoas por dia
Empresa tem 21.814 clientes cadastrados em cinco anos
Consumo de açúcar é de uma tonelada por mês
São gastos 800 quilos de farinha mensalmente
22 mil ovos são usados mensalmente
Produção consome uma tonelada de leite condensado ao mês


sexta-feira, janeiro 28, 2011

Receita de Bolinho de Caneca



A receita a seguir é uma receita bem fácil e rápida e sacia bastante aquela vontade de comer um bolo de chocolate. Não é uma receita para ser servida para convidados, é mais uma receita intimista, para comer a tarde assistindo um filme de pijama no sofá.

Ingredientes

1 ovo
3 colheres de sopa de chocolate em pó
3 colheres de sopa de farinha de trigo*
3 colheres de leite
3 colheres de sopa (cheias) de açúcar
1 pitada de sal
1 colher de chá de margarina
1 colher de sobremesa (rasa) de fermento quimico em pó

Modo de Preparo 

Bata com um garfo todos os ingredientes dentro de uma caneca (dessas grandes de tomar leite). Leve ao microondas por 3 minutos com um pratinho embaixo pois irá transbordar.
Tire da caneca passando uma faca nas laterais para soltar e sirva coma com uma bola de sorvete.

*A farinha de trigo pode ser substituída por qualquer farinha especial para celíacos

terça-feira, janeiro 18, 2011

Marta Rocha



A Marta Rocha é nossa torta mais conhecida e a preferida de muitos. Sua receita original foi criada em Curitiba por um confeiteiro espanhol em homenagem à Miss Marta Rocha, que havia acabado de perder o concurso de Miss Universo. Hoje há diversas versões da torta por todo o Brasil, mas ela ainda é mais conhecida no sul do País.

Aqui pros lados de Uberândia, Dona Edina, fundadora da Confeitaria Doces Bárbaros, foi a primeira pessoa a fazer a torta Marta Rocha na cidade, nesta época ainda em sua própria casa. Com o sucesso observado logo foi copiada e hoje dificilmente é possível ir a uma confeitaria ou padaria da cidade e não encontrar a torta.

E qual a razão do sucesso da Marta Rocha (a torta)?

Uma possível resposta é que sua combinação de cores, texturas e sabores realmente leva a uma experiência difícil de ser alcançada. A dureza do crocante contrasta com o macio do pão de ló, o cremoso dos chantilly e o etéreo (não encontrei definição melhor) do suspiro. Há ainda uma combinação do doce, com o amargo e o azedo que faz dessa torta algo tão peculiar. Outra possível resposta: ela é boa mesmo!

No fim, Marta Rocha (a Miss) perdeu o Miss Universo por 2 polegadas, mas ganhou uma homenagem à altura que adoça os paladares de muita gente até hoje.

P.S. Há relatos de que Marta Rocha nunca tenha experimentado a torta feita em sua homenagem, apesar de lhe ter sido oferecida uma fatia. Alegou não gostar muito de doces. Azar o dela!


segunda-feira, janeiro 10, 2011

Breve história das sobremesas

Pessego Melba

Já na Antiguidade as pessoas gostavam de terminar as refeições com um sabor doce na boca. Os romanos, e mais tarde os gauleses regavam com mel e especiarias biscoitos feitos de farinha que eram guarnecidos com frutas frescas ou secas.

Graças aos cruzados, que descobriram no Oriente médio a cana de açúcar, desenvolveu-se o comercio do açúcar, mercadoria preciosa que era vendida nos boticários

No final da Idade Média, a guilda dos confeiteiros, especialistas em patês de carne, peixe e queijo, começa a fazer compotas de peras, canudinhos recheados com creme e biscoito de amêndoa. Não se fala ainda de sobremesa.

O surgimento de novos pratos doces deve-se a Catarina de Médici, que manda vir seus confeiteiros de Florença para a França. A partir de então, seus bolos, macarons e sorvetes fazem as delícias da Corte. O jantar passa a terminar sempre com a sobremesa.

O Chocolate só passa a ser utilizado no começo do século XIX. A criação de inúmeros pratos açucarados, que se tornarão clássicos, é obra de mestres confeiteiros dessa época: os merengues de Carême, o Saint-honoré de Chiboust, o pêssego melba de Escoffier e o savarin dos imãos Julien.

Hoje em dia a confeitaria brasileira ainda sofre bastante influencia européia (França e Itália) e norte americana, mas já há alguns profissionais seguindo o caminho de valorização dos ingredientes locais o que está, aos poucos, dando uma cara mais brasileira à nossa confeitaria. 

Fonte: Larousse das sobremesas